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O segredo das empresas éticas que vencem: compliance como estratégia de crescimento Vivemos tempos de intensa transformação econômica e social. No Brasil, escândalos de corrupção envolvendo figuras públicas e grandes empresas ganharam manchetes, abalaram a confiança nas instituições e impactaram diretamente o...

13 de maio de 2025
Contábeis

Vivemos tempos de intensa transformação econômica e social. No Brasil, escândalos de corrupção envolvendo figuras públicas e grandes empresas ganharam manchetes, abalaram a confiança nas instituições e impactaram diretamente o ambiente de negócios. Para o empresário brasileiro, essa instabilidade tem custo alto: afeta investimentos, prejudica a reputação e corrói a previsibilidade tão essencial ao crescimento.

No meio desse cenário desafiador, um conceito ganhou força e passou a ser visto não apenas como medida preventiva, mas como diferencial estratégico: Compliance.

Mais do que cumprir leis, Compliance é sobre credibilidade. É sobre construir um ambiente ético, confiável e competitivo — dentro e fora da empresa.

 

Por que o Compliance se tornou indispensável

 

A corrupção não começa nos grandes escândalos. Ela se infiltra nas brechas do cotidiano, nos pequenos “favores”, nos atalhos que se normalizaram. Essa mentalidade, além de comprometer a ética, mina o crescimento saudável dos negócios.

Mas há um movimento em curso. Empresas estão despertando para a necessidade de estruturar regras claras, fortalecer controles internos e adotar uma postura firme diante de práticas irregulares. É uma nova cultura corporativa, mais consciente, mais madura — e cada vez mais exigida por investidores e parceiros comerciais.

 

Compliance: do conceito à prática

O conceito de Compliance surgiu nos Estados Unidos, impulsionado por uma crise que abalou a confiança nas relações entre empresas e o poder público. Na década de 1970, o escândalo Watergate revelou um esquema massivo de corrupção envolvendo autoridades e grandes corporações. As investigações mostraram que centenas de empresas americanas realizavam pagamentos ilegais a agentes públicos estrangeiros para obter vantagens comerciais.

A resposta foi rápida e decisiva. Em 1977, nasceu a Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) — a primeira grande lei anticorrupção com aplicação além das fronteiras nacionais. A norma passou a proibir práticas de suborno em qualquer parte do mundo, colocando em evidência a responsabilidade legal das empresas em suas relações comerciais internacionais.

Esse movimento inspirou uma série de transformações legislativas em todo o mundo. Advogados empresariais passaram a atuar de forma mais estratégica, orientando organizações sobre a necessidade de se adequar às novas exigências legais e éticas. A partir dali, a cultura da integridade começou a se consolidar como parte fundamental da gestão corporativa.

 

O Brasil entra em cena

No Brasil, o avanço do Compliance ganhou força especialmente após a Lei 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção. Ela representou um divisor de águas, porque passou a responsabilizar pessoas jurídicas por atos ilícitos contra a Administração Pública, mesmo que sem comprovação de dolo ou culpa — ou seja, é uma lei de responsabilidade objetiva.

Essa legislação não surgiu isoladamente. Ela foi inspirada por tratados internacionais assinados pelo Brasil, como:

Além de permitir sanções pesadas (multas, proibição de contratar com o governo, etc.), a lei trouxe um ponto essencial: a existência de um programa de integridade pode reduzir as penalidades aplicadas à empresa. Ou seja, quem previne de verdade, responde menos.

 

Compliance não é só defesa: é posicionamento de marca

Nos últimos anos — especialmente após os desdobramentos da Operação Lava Jato — o olhar dos investidores estrangeiros sobre o Brasil tornou-se mais cauteloso. Mesmo empresas que jamais se envolveram em escândalos passaram a ser cobradas por algo que hoje é inegociável: transparência, controle e políticas internas bem definidas.

Em fusões, aquisições ou joint ventures, é cada vez mais comum a realização de auditorias de integridade (due diligence), com o objetivo de verificar se a empresa brasileira cumpre padrões internacionais de conformidade. E quando isso não acontece, os negócios simplesmente não avançam.

Nesse contexto, o papel do advogado empresarial ganhou ainda mais relevância. Ele não apenas orienta sobre os riscos legais envolvidos, mas também conduz estratégias que posicionam a empresa de forma sólida e confiável perante o mercado.

O Compliance, assim, deixou de ser apenas um escudo contra ilegalidades. Tornou-se um ativo reputacional valioso, um verdadeiro passaporte para oportunidades internacionais — e um selo visível de maturidade corporativa.

 

Os três pilares do Compliance: prevenir, detectar e corrigir

Um programa de Compliance bem estruturado não é feito de promessas ou discursos vazios. Ele se sustenta sobre três fundamentos simples — mas poderosos:

Aqui está o coração do Compliance. O foco é evitar que condutas indevidas aconteçam. Isso se faz com políticas bem definidas, treinamentos claros, códigos de conduta acessíveis, e uma comunicação transparente sobre o que é — e o que não é — aceitável dentro da empresa. Prevenir é agir antes do problema.

Mesmo com todos os cuidados, falhas podem surgir. Por isso, é fundamental ter mecanismos que permitam identificar rapidamente qualquer irregularidade: canais de denúncia, auditorias internas, análise de dados e acompanhamento de processos são algumas das ferramentas que cumprem esse papel.

Quando uma falha é detectada, não adianta empurrar com a barriga. É preciso agir com firmeza e responsabilidade: investigar, responsabilizar, ajustar os procedimentos e, principalmente, aprender com o erro para que ele não se repita. Corrigir é proteger o presente e o futuro da empresa.

 

Ferramentas práticas que transformam Compliance em ação

Você não precisa reinventar a roda para ter um programa eficiente. Algumas ferramentas, quando bem aplicadas, criam uma estrutura sólida e funcional. Aqui estão as mais importantes:

O documento que traduz os valores da empresa em comportamentos esperados. Deve ser direto, acessível e atualizado periodicamente. Um bom código de conduta serve como norte para todos — do estagiário ao CEO.

É a porta de entrada para a verdade. Funcionários e parceiros devem se sentir seguros para relatar condutas suspeitas. E mais: precisam saber que serão ouvidos com seriedade, respeito e proteção.

Compliance não é aprendido por osmose. É preciso ensinar — e repetir. Treinamentos devem ser constantes, com linguagem simples e exemplos reais. Incluir a liderança nesses processos é essencial para dar legitimidade ao programa.

Verificar, cruzar informações, acompanhar indicadores. Isso garante que o programa não fique no papel. Auditoria não é desconfiança: é compromisso com a verdade.

Antes de fechar contratos, avalie a integridade de quem estará ao seu lado. Fornecedores, distribuidores e representantes também podem comprometer a reputação da sua marca.

 

Compliance na prática: e se eu não for uma grande empresa?

Engana-se quem pensa que Compliance é só para multinacionais. Toda empresa — independente do porte — pode e deve implantar um programa de integridade. O segredo está em adaptar a estrutura à sua realidade.

Você pode começar com:

Mais importante do que ter tudo pronto no primeiro dia é começar com seriedade, crescer com consistência e mostrar, com atitudes, que ética é um valor inegociável.

 

Compliance e Governança: duas engrenagens de uma empresa sólida

Governança corporativa vai muito além de formalidades e organogramas. Trata-se da base que sustenta a transparência, a responsabilidade e a tomada de decisões estratégicas dentro de uma organização. E o Compliance é a força operante dessa base — é ele quem transforma princípios em ações concretas.

Quando uma empresa adota um programa de integridade sólido, ela não apenas fortalece seus processos internos: ela dá protagonismo à ética, promove segurança jurídica e cria um ambiente confiável para sócios, investidores, colaboradores e clientes.

Nesse processo, o apoio da alta liderança é fundamental. O chamado tone at the top — o exemplo que vem de cima — é o ponto de partida. Sem isso, o Compliance corre o risco de virar um documento decorativo. Mas quando a liderança vive aquilo que prega, tudo muda: o discurso vira cultura organizacional real.

É por isso que o olhar estratégico de um advogado empresarial se torna essencial: ele não apenas orienta juridicamente, mas contribui diretamente para a construção de uma cultura ética que protege o negócio e, ao mesmo tempo, atrai novas oportunidades no mercado.

 

Compliance é, antes de tudo, confiança

Confiança não se compra. Ela se constrói — com coerência, clareza e constância. E no mundo dos negócios, ela se torna um diferencial competitivo poderoso.

Empresas que investem em integridade estão mais preparadas para crescer, receber investimentos, fechar parcerias estratégicas e enfrentar crises com resiliência.

A rentabilidade a longo prazo está diretamente ligada à reputação. E reputação, hoje, começa com responsabilidade. O Compliance é, portanto, mais do que uma obrigação jurídica: é uma escolha estratégica por permanência e relevância.

 

Conclusão: a ética é o melhor investimento

O Brasil, como o mundo, enfrenta desafios profundos relacionados à corrupção. Mas também vive um momento de virada. A sociedade exige mais. Os investidores exigem mais. O mercado exige mais.

E as empresas que entenderem isso primeiro, sairão na frente.

Implementar um programa de Compliance não é só proteger-se de escândalos — é posicionar sua marca entre aquelas que inspiram confiança, atraem oportunidades e constroem legados.

A corrupção destrói. Mas a integridade constrói. E hoje, mais do que nunca, precisamos construir.

Fonte: Wander Barbosa. Advogado e estrategista jurídico de negócios. Fundador do Barbosa & Veiga Advogados Associados. Atua com foco na transformação de empresas por meio de soluções legais eficazes, éticas e sustentáveis.

 

“A integridade é o alicerce invisível que sustenta os negócios duradouros.Compliance não é custo. É decisão estratégica.”

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